“TIVE SE CALHAR A MAIOR LOJA DE DISCOS DE PORTUGAL. QUANDO SAIU O THRILLER COMPREI OS DISCOS TODOS. AS OUTRAS QUERIAM E Só A XARANGA TINHA”

Acácio Casimiro tem 75 anos e muitas histórias para contar de uma carreira como futebolista, que durou 33, e outra, como treinador, que já leva 35. Nesta primeira parte do Casa às Costas ficámos a conhecer o percurso como jogador que começou no SC Espinho, mas ganhou fama no Boavista, apesar de quase ter ido parar ao FC Porto, clube onde sonhava jogar. Falámos da tropa e de como se safou à guerra do Ultramar, do 25 de Abril de 1974 e do facto de ter sido o primeiro jogador a bisar após a Revolução, do incêndio que lhe destruiu duas lojas e de muitas outras peripécias

Vamos iniciar a viagem pela sua vida, que já leva 75 anos. Nasceu onde e no seio de que família?

Nasci em Urrós, Mogadouro. A minha mãe era doméstica e o meu pai era ferroviário. Começou por agulheiro e quando eu estava para nascer foi promovido; cada vez que isso acontecia ele era mudado de estação. No dia em que nasci ele soube que ia ser transferido e eu com 10 dias fui logo com a casa às costas para Bragança.

Passou lá a sua infância?

Não. Passado dois anos, o meu pai foi transferido para Macedo de Cavaleiros e fomos para lá. Dois anos depois foi novamente promovido e transferido para Duas Igrejas, em Miranda do Douro, onde estive até aos cinco anos. Depois, fomos para o Pocinho.

Qual a sua primeira memória de infância?

Ainda é de Macedo de Cavaleiros. Nós vivíamos mesmo junto à estação do comboio e havia uma máquina que lhe chamavam trilhadeira, que separava a palha do trigo, eu tinha uns dois anos e meio, achei piada aquilo, meti lá a mão e ‘limpou-me’ um bocado do dedo mindinho. Ainda hoje se nota que me falta um bocado do dedo. E não fui cosido, fui agrafado pelo padre, porque o hospital ficava muito longe. Dali fomos viver para Duas Igrejas e lembro-me de andar a jogar à bola com outros miúdos mais velhos num armazém. Numa dessas jogatanas, um dia escorreguei quando ia a chutar a bola e bati com a cabeça numa quina do armazém, abri a cabeça. Mais uma vez foi o padre que meteu dois agrafos, mas lembro-me que o que mais me doeu foi tirá-los, com um alicate.

Tem irmãos?

Tinha. Já faleceu. Era 11 anos mais novo e morreu com 51 anos, estava eu no Kuwait, nem vim ao funeral.

O seu irmão faleceu como e porquê?

Paragem cardíaca. Ele era chefe de jardinagem da Câmara Municipal de Espinho. Já estava divorciado na altura, esteve casado três ou quatro meses e vivia com os meus pais na altura. Deitou-se, no dia seguinte a minha mãe foi acordá-lo para ir trabalhar e ele estava morto.

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